Nina Simone - Spring is here

segunda-feira, 13 de maio de 2013

Volto ao que fomos um dia


Volto agora, e nomeio-me outra, nova, livre de tudo que é teu, para finalmente deitar-me de novo a teu lado. Alva e leve, a esperar que me invadas todas as frestas. Volto. Volto ao que não era, ao que foi um dia o horizonte. E reivindico-me ao tempo, eu, feita de mim mesma. Torno-me louca e santa, cega, oca, tomo-me de volta. Ressuscitada e renascida, para ser uma de mim que não te conhece, uma de mim onde os teus pés não pisaram, uma de mim que não conheceu a tua língua de prata, que não sabe de cór a côr dos teus olhos cheios de noite, da dor da tua casa incendiada, do teu peito emborcado, da solidão que anda pela tua pele.
Volto onde começou tudo, onde as lembranças ainda ardem, onde o escuro permeia todos os instantes do dia, para poder ver-te antes ainda de existires dentro dos meus olhos, para poder saber-te, ainda, antes de saber da minha chegada, antes de me dares um nome. Um corpo nascido das tuas mãos, antes que eu viva impregnada disso tudo, de nós.

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O Brilho da Sombra

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“Estou certo de que estive aqui, como estou agora, mil vezes antes e espero retornar mil vezes... A alma do homem é como a água; vem do Céu e sobe para o Céu, para depois voltar à Terra, em um eterno ir e vir.” - Goethe -

Outras Sombras