Nina Simone - Spring is here

sexta-feira, 14 de maio de 2010

Vestida para matar

Eu vi como brilharam os teus olhos, quando à tardinha te cruzaste comigo. Brilharam de cobiça e de desejo, de me teres novamente. Mas apesar de o saber, não deixei transparecer o efeito magnético que esses olhos têm sobre mim. Caminhei em direcção a ti, de cabeça erguida e decidida a não me deixar cair em tentação. Olhei-te nos olhos e dei-te um seco e frio “olá” e segui o meu caminho.

De certeza que deves ter-te perguntado onde é que eu iria vestida daquela maneira. Deves ter pensado que me vesti assim, com aquele mini vestido colado ao corpo, por tua causa. E acertas-te!
Vesti-me assim por tua causa, para ver os teus olhos brilhar de desejo e para ver o teu espanto, pela forma como te ignorei.
Pensavas o quê, que eu ia rastejar aos teus pés? Jamais!

Deusa que é deusa não rasteja, faz rastejar…vive e aprende!

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Doce Vingança



Não, tu não sabias o que te esperava, quando decidiste desafiar-me.Não devias ter-te metido comigo.Uma Deusa enraivecida faz coisas de que até o diabo duvida.

Beijei-te devagar de baixo a cima, parando de vez em quando no caminho e saboreando com a ponta da língua o sal da tua pele . Fiz com que a fome que tens de mim te provoca-se delírios. Regozijei-me com o doce gozo de te saber faminto pelo meu corpo e fiz-te esperar até à loucura.
Das tuas entranhas fiz nascer em ti, uma sede profunda pelo meu néctar divino, susbstituis-te a tua aparente calma pela gula ansiosa que te arde no corpo. Abraçaste-te a mim, qual animal faminto, querendo unir o teu sexo ao meu…e fizeste-o como se o fim do mundo fosse agora.
Não te inquietes meu bem, ainda agora comecei a tua maior e mais doce tortura. A vingança serve-se quente, bem quente!

domingo, 9 de maio de 2010

Mistura divina

Estendo o braço, és tu, real na febre do toque da minha mão. Febre que grita em cada átomo do meu corpo.
E aí me perdes longamente, aí te perco. Até que o mundo renasce, quando do meu epicentro uterino te desfazes de toda a tensão.
Tremes todo, na maciez do meu corpo guardada desde sempre para ti. Tu , outrora furtivo, fugidio, fechado agora em mim, em todo o excesso das minha entranhas a transbordar.
Desvendarmo-nos, era tudo o que queríamos. As minhas mãos pelo teu corpo, pela face, pelo peito, pelas pernas firmes, e tu devolves-me cada toque, cada carícia. E eu abro-me para ti, em silêncio. Respiro alterada encostada ao teu ombro como uma ave trémula. Leve como uma pena, deixo a incrível doçura do meu corpo cair nas tuas mãos. Tão subtil, o veludo do teu calor, suave na mistura intensa que somos.
Então devagar, quero ter-te todo. Tanto como te sonhei e te imaginei no meu querer de fogo, estás agora aqui e penetras-me no domínio dos meus sentidos, da minha absorção.
Recordo-te no instante primordial, nessa hora única da revelação desta mistura divina.

sábado, 8 de maio de 2010

promessa de pecado

Meu príncipe, tu não sabes, mas é uma questão de tempo até te envolver de novo nos meus braços, e preencher o meu sexo com o teu. O pecado envenena-me as entranhas, enquanto afago o meu corpo e me deixo alucinar pelas recentes lembranças dos nossos corpos fundidos num só. Lembras-te de como ficamos abraçados depois de teres assente em mim, obscenamente o teu sexo?
E nos gritos meus que ecoaram pelas paredes do quarto, no momento do orgasmo. Esse instante perfeitamente, perfeito. Com palavras silenciadas pela voracidade da tua boca na minha, ainda unidos num amor insensato.
Quem te colocou no meu caminho, meu príncipe? Quem ousou fintar o destino, unindo as nossas vidas ao adiamento do que jamais ousaremos perder?
Aqui solitária te espero de novo meu príncipe, divago pelas tuas carícias e pelo encontro dos teus olhos nos meus. E nos gritos de puro prazer te juro amor eterno.

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Herege




Calas-me a heresia que ecoa nas orações que segredo, num transe libidinoso. Será que ousarás recitar essas ilusões pérfidas e funestas de amor e compromisso?
Olha como danço, celebrando as blasfémias com que me desvairas a razão, não fora a vontade de ser de novo tua, e que me profana pelo teu pérfido coração,voltaria a ser virgem.
Olha-me, outrora virgem que enfeitiçaste com o teu chamamento de luxúria sob o disfarce do amor. A tua alma não se santifica com o sacrifício da minha indulgente virgindade, nem com os rituais perversos de acasalamento que os teus olhos fustigam sob os meus, transformando-os na obscena blasfémia que tens como filosofia. E o meu corpo enfermo de desejo, rodopia em volta da fogueira que te arde no baixo ventre, de cada vez que me demandas ao pecado.

quinta-feira, 6 de maio de 2010

Fragilidade

Perdoa-me a fragilidade por me sentir intimidada e por soluçar secretamente estas palavras do meu lamento. Eu bem tento fingir que nada se passou, mas aqui neste lugar frio e sombrio, sou eu, a única testemunha dos nossos pecados obscenos, dos receios mais secretos e dos amores inocentes que tomaram conta da nossa alma.
Sou a única culpada, de me ter perdido no meio desta paixão avassaladora que tomou conta do meu triste existir. E perco-me, numa tal inconstância de sentimentos que ofuscam a minha intuição. Como resistir-te meu doce príncipe, porventura, saberás dizer-me, como se resguarda um pobre coração dessas marcas pintadas com a cor da desilusão e que atormentam o meu corpo esguio?
Estou acorrentada, de livre vontade a este corpo que te alberga e se alimenta de ti de quando em quando e eu pergunto-te: o que será de ti, se eu te recusar o fogo do meu corpo e a brancura da minha alma?

veneno

Comtempla agora o ventre que, de forma tão gentil sujaste com o teu semén.
Envenenaste-me as entranhas, com o pecado da gula, da posse e da vaidade.
Outrora virgem do pecado do adultério,desgracaste o meu corpo puro,desflorado pela poderosa mestria da tua espada envenenada.
Despe-te de mim generosamente, e liberta-me da maldição de amar um príncipe que se há transformado em sapo.

beijo de fogo

E basta-me imaginar-te, para sentir os teus dedos a marcar a minha pele. Mas tu, poderoso príncipe, tocaste-me também a alma.Sem mistérios nem segundas intenções enquanto caminhavas a meu lado.E eu gosto de sentir a palma da tua mão na minha,unidas como se pertencessem uma à outra.E nos meus lábios, o anseio pelo fogo dos teus, treme um beijo que me condena ao sofrimento.

Súplica

Oh! Pudesse eu aliviar-me da tesão que me queima os seis sentidos, drogar o meu coração que lateja ardentemente e que sofre por esse teu corpo de príncipe macho.
Pudesse eu abater a besta sequiosa que desfruta dos meus instintos carnais e dos meus desejos impulsivos, incitando-me a pecar, ainda que sob a desculpa do amor. E que me faz falsificar juras de carícias eternas por quem por mim anseia, por quem por mim luta e calar de uma só vez esta voz que em sonhos me seduz.
Pudesse eu findar de vez esta vida que se extingue, fazer evaporar a mágoa de quem ama ardentemente, porque vivo apaixonada por um fantasma.

O Brilho da Sombra

A minha foto
“Estou certo de que estive aqui, como estou agora, mil vezes antes e espero retornar mil vezes... A alma do homem é como a água; vem do Céu e sobe para o Céu, para depois voltar à Terra, em um eterno ir e vir.” - Goethe -

Outras Sombras